Semana da Arte Moderna de 1922

A Semana de Arte Moderna de 1922 ocorreu em São Paulo, no Teatro Municipal, de 11 a 18 de fevereiro, tendo como propósitos renovar a arte e cultura brasileira, rompendo com o passado e criando uma arte realmente brasileira, mas tendo como base as novas tendências europeias. Essas renovações abrangeram os campos da literatura, das artes plásticas, da arquitetura e da musica.
Durante essa semana, houve o manifesto de varias linguagens, experiências artísticas e uma liberdade que rompeu com o tradicionalismo do passado, com a vinda destes novos conceitos novos nomes surgiram, como os de Mario e Oswald de Andrade na literatura, Victor Brecheret, na escultura e de Anita Malfatti, na pintura. A Semana, como toda inovação, não foi bem visto pelos tradicionalistas, recebendo criticas ferozes para que seus ideais fossem destruídos, sem falar que a elite se sentiu violentada por ter suas preferencias questionadas, já que estavam acostumados à clássica e tradicional arte.
Podemos dizer que o manifesto da Semana da Arte Moderna se deve em grande parte a Anita Malfatti. Em 1917, Anita voltou da Europa e trazia em sua bagagem as experiências vanguardistas europeias, e realizou a primeira exposição do Modernismo brasileiro, que foi alvo de criticas ferozes, a mais conhecida foi de Monteiro Lobato no artigo Paranoia ou Mistificação, com o titulo “A proposito de Exposição Malfatti”, no jornal O Estado de São Paulo, em 20 de dezembro de 1917, vejamos trechos deste artigo:
           
         “Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as coisas e em consequência fazem arte pura, guardados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres (...)
A outra espécie é formada dos que veem anormalmente a natureza e a interpretam à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência; são frutos de fim de estação, bichadas ao nascedouro (...) Embora eles se deem como novos precursores duma arte a vir, nada é mais velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu com a paranoia e com a mistificação (...) Sejamos sinceros, futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti não passam de outros tantos ramos da arte caricatural (...)”. (LOBATO, Monteiro. A proposito da Exposição Malfatti: Paranoia ou mistificação. O Estado de São Paulo, Dez de 1917).

         Esse artigo, que deixou Anita Malfatti em estado de tristeza profunda, foi o empurrão final para a organização da Semana da Arte Moderna, Di Cavalcanti, um dos principais idealizadores da Semana, se reuniu com Rubens Borda, Ronald de Carvalho, Anita Malfatti e outros artistas e intelectuais da época para organizar todo o manifesto da Semana da Arte Moderna. O catalogo, feito por Di Cavalcanti, contava com os nomes de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Yan de Almeida Prado, John Graz, Oswaldo Goeldi, entre outros, na pintura e no desenho; Victor Brecheret, Hidegardo Leão Velloso e Wilhelm Haarberg, na escultura; Antônio Garcia Moya e Georg Przyrembel, na arquitetura; Mario e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Sergio Millet, Plínio Salgado, entre outros, na literatura; e Villa-Lobos, Guiomar Novais, Ernani Braga e Frutuoso Viana, na musica. Após a Semana de Arte muitos artistas voltaram a Europa, enfraquecendo o movimento no país, mas Tarsila do Amaral ficou e continuou enriquecendo as artes plásticas brasileiras.
No movimento modernista brasileiro poucos tinham os mesmos ideais, fazendo surgir, então, várias correntes modernistas, mas todos seguindo o legado de libertar a arte brasileira e construir uma cultura inteiramente nacional, são elas: o Movimento Pau-Brasil,que apresentava uma posição primitivista, buscando uma poesia ingênua, de redescoberta do mundo e do Brasil; o Movimento Verde-Amarelo, com uma tendência nacionalista/nativista; e o Movimento Antropofágico, que tinha por objetivo a ingestão da cultura interna e externa, ou seja, não se deve negar a cultura estrangeira, mas ela não deve ser imitada. Os principais meios de divulgação desses ideais era a revista Klaxon e a revistas de Antropofagia, ambas em São Paulo.



Capa de Di Cavalcanti para o Catálogo da Exposição
Fonte da imagem: site Pitoresco

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